sábado, 2 de junho de 2018

Atabaques







O som é primeira relação com o mundo, desde o ventre materno, abre canais de comunicação que facilitam a percepção. Além de atingir os sentimentos mais primitivos, a música atua como elemento ordenador, que organiza a pessoa internamente.
Mesmo as pessoas com deficiência auditiva, sentem a vibração dos sons. Alguns estudos dizem que os sons e vibrações interferem diretamente nas emoções humanas.

BREVE HISTÓRIA DOS TAMBORES
Os tambores começaram a aparecer pelas escavações arqueológicas do período neolítico.
Um tambor encontrado na escavação na Morávia foi datado de 6.000 anos antes de Cristo.
Tambores têm sido encontrados na antiga Suméria, na Mesopotâmia datados de 3.000 a.C. Tambores com peles esticadas foram descobertos dentre os artefatos Egípcios, a 4.000 a.C. Os primeiros tambores provavelmente consistiam em um pedaço de tronco de árvore oco. Estes troncos eram cobertos com peles, e eram percutidos com as mãos.
O Atabaque é de origem árabe e foi introduzido na África por mercadores que entravam no continente através dos países do norte, como Egito. Os Atabaques chegaram ao Brasil através de nossos ancestrais africanos, outras fontes de pesquisas mostram que os tambores já estavam introduzidos em nossa terra dentre as tribos indígenas que já se utilizavam dele para seus rituais, desde então, cada vez mais introduzidos em nossa cultura.
O Candomblé, culto trazido pelos africanos ao Brasil já se utilizavam dos Atabaques.
A Umbanda, nascida  através do médium  Zélio Fernandino de Moraes a mais de 100 anos, não utilizava o atabaque, os pontos cantados que eram trazidos pelas entidades eram acompanhados apenas com as vozes da corrente sem qualquer instrumento ou acompanhamento de palmas.
Foram fundadas 7 tendas de Umbanda dentre elas a Tenda de Umbanda de São Jorge em 15 de Fevereiro de 1935 por João Severino Ramos e o caboclo Timbiri, e a primeira autorizada pelo caboclo das 7 encruzilhas a introduzir o Atabaque nos rituais, também a primeira autorizada por ele a realizar giras de Exu.
Entre varias fontes de pesquisa, não encontrei em nenhuma, uma explicação do porque foi necessária a autorização do caboclo das 7 encruzilhadas para que se pudesse introduzir o Atabaque nos rituais de Umbanda, porem seguindo os ensinamentos e toda a magia que envolve os Atabaques, entende-se que era necessário que houvesse orientação adequada para se tocar ritmos sagrados em um instrumento sagrado.
Como disse no início deste texto os sons e vibrações interferem diretamente nas emoções humanas, então os Atabaques como instrumentos ritualísticos devem ser tocados com responsabilidade.
Um Atabaque, antes de ser utilizado como instrumento dentro de um terreiro de Umbanda ele é preparado e consagrado e passa a ser um artefato do Orixá e da casa Santa, existem várias maneiras e rituais para fazer a consagração do Atabaque, cada dirigente o faz de acordo com sua doutrina e deve ser respeitado, é através dele que será emitido sons e vibrações que dissipam as energias que envolvem todo o trabalho, o Atabaque é quem conduz junto com o ponto cantado a energia vibracional. Tamanha é a importância que não são todas as pessoas autorizadas a toca-lo, pois assim como Atabaque, quem ira conduzi-lo também deve ser preparado e orientado, por isso, nossos queridos Ogãns, curimbeiros e tabaqueiros, escolhidos e consagrados pela espiritualidade a executar a função de tamanha importância, é deles após ser designados a conduzir os atabaques, também a responsabilidade de cuidar e "alimentar" o couro, termo utilizado para a energização do Atabaque. Quando o Ogãn toca seu atabaque, ele emite uma onda vibracional que atinge toda a corrente mediúnica, e é através de seus sons que evocamos as energias que vão conduzir os trabalhos, evocamos os orixás e as falanges através dos pontos cantados e  vibrações emitida pelos atabaques.
Se deve ter o cuidado, e estar inteiramente voltado para os trabalhos para sentir a energia e saber a hora de tocar cada ponto, firmeza, chamada, louvação, demanda, pois cada ponto cantado cada som emitido dentro da corrente, afeta a todos, um atabaque em desarmonia pode prejudicar o andamento, exigindo mais de cada médium muito mais do Pai da casa, pois é ele responsável fisicamente e espiritualmente por aquele chão, a energia necessária para restabelecer a harmonia dos trabalhos é muito grande,  por isso algumas casas ainda preferem não utilizar o instrumento.
Devemos respeitar o Atabaque, não se deve simplesmente toca-lo, antes de iniciar os trabalhos deve-se "abrir o couro" saudando pedindo a licença ao Orixá e a entidade que é a zeladora daquele Atabaque e que ajude a cumprir a missão, e ao encerrar os trabalhos ao " fechar o couro" agradecer ao Orixá a entidade e agradecer por conseguir cumprir mais dia de sua missão. O Atabaque deve ser respeitado, assim como devemos respeitar a Umbanda nossos dirigentes, nosso chão.
Axé.
   













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