A partir deste quarto trono, os elementos se tornam opostos para equilíbrio da ação dos Orixás regentes. Ogum é o Orixá da lei e seu campo de atuação é a linha divisória entre a razão (Xangô) e a emoção (Iansã). Ogum rege o caráter. É o Trono Regente das milícias celestes, guardiãs dos procedimentos dos sere em todos os sentidos. Ogum é sinônimo de lei e ordem e seu campo de atuação é a ordenação dos processos e dos procedimentos. O Trono da Lei é eólico (do ar) e, ao projetar-se, cria a linha pura do ar elemental, já com dois pólos magnéticos ocupados por Orixás diferenciados em todos os aspectos. O pólo magnético positivo é ocupado por Ogum e o pólo negativo é ocupado por Iansã. Esta linha eólica pura dá sustentação a milhões de seres elementais do ar, até que eles estejam aptos a entrar em contato com um segundo elemento. Por isso, o Trono da Lei tem em seu pólo positivo um Orixá do Ar (Ogum) e no pólo negativo um Orixá do Fogo (Egunitá). Uns tem como segundo elemento o fogo, outros tem na água seu segundo elemento, etc. Portanto, na linha pura do "ar elemental" só Temos Ogum e Iansã como regentes.
Mas se estes dois Orixás são aplicadores da Lei (porque sua natureza é ordenadora), então eles se projetam e dão suas hierarquias naturais, que são as que nos chegam através da Umbanda. Os Orixás regentes destas hierarquias de Ogum e Iansã são Orixás intermediários ou regentes dos níveis vibratórios da linha de forças da Lei. Ogum é regente do mistério "Guardião" (Exu) e suas hierarquias não são formadas por Orixás opostos em níveis vibratórios e pólos magnéticos opostos, como acontece com outros. Ogum e Iansã formam hierarquias verticais retas ou sequenciais, sem quebra de "estilo", pois todos os Oguns, sejam os regentes dos pólos positivos ou negativos, todos atuam da mesma forma e movidos por um único sentido: aplicadores da Lei!
Todo Ogum é aplicador natural da Lei e todos agem com a mesma inflexibilidade, rigidez e firmeza, pois não se permitem uma conduta alternativa. Onde estiver um Ogum, lá estarão os olhos da Lei, mesmo que seja um "caboclo" de Ogum, avesso ás condutas liberais dos frequentadores das tendas de Umbanda, sempre atento ao desenrolar dos trabalhos realizados, tanto pelos médiuns, quanto pelos espíritos incorporadores. Então, Ogum entra em todas as dimensões. É o supremo Guardião. Por isso, não se diz que Ogum seja Rei de algum campo de força. Ele é o Rei das demandas, Rei de Aruanda, mas é guardião de todos os reinados. Na mata temos Ogum; nos rios, Ogum Iara; na praia, Ogum Beira-mar; no cemitério, Ogum Megê; na encruzilhada, Ogum Naruê; na pedreira, Ogum Sete Pedreira; no ar, Ogum de Lei; etc. Por isso, todos os médiuns incorporam um Ogum, independentemente de quem seja seu Orixá de Cabeça. Clamaremos por Ogum em todas as ocasiões em que deve ser vencida uma demanda, derrubar uma barreira, lutar com inimigos materiais e espirituais, subjugar obsessores, merecer vitória. Sincretizado como São Jorge (em São Paulo) ou Santo Antônio (Bahia), sua cor, neste primeiro Trono é Azul Marinho e nos demais, vermelho ou vermelho e branco. Seu campo de força é nas estradas de ferro ou naqueles campos onde os Orixás fatorais atuam ( Matas, encruzilhadas, pedreiras, rios, etc), onde deve ser invocado o Ogum que trabalha naquele campo. Recebe como oferenda cerveja clara, flores vermelhas e suas ervas. Seu fator é o ordenador e aplicador da justiça. Sua saudação é Ogum-ye(Salve Ogum, Cabeça Coroada).
Mãe Egunitá é a Divindade Cósmica assentada no pólo negativo do Trono da Lei e da Ordem. Na Umbanda, Egunitá é cultuada como o Orixá Cósmica que consome os vícios e desequilíbrios e faz a purificação dos templos religiosos, do intimo dos seres e das suas moradas. Ela atua para nos defender das magias negativas e das injustiças, mas sempre a partir de uma auto-purificação, para então nos renovar. Isto é, primeiro Ela faz uma purificação em nós mesmos, para nos renovar: purificação de conceitos e idéias antigas aos quais nos apegamos e que nos prejudicam; purificação dos nossos vícios de comportamento etc. O sincretismo de Egunitá com Santa Sara Kali esta ligado a ideia do "fogo destruidor" da Divindade Kali, cultuada na Índia. Mas o Fogo de Egunitá não apenas destrói negatividades: ele consome o que não é benéfico, mas para renovar, diferencial importante na atuação do Orixá Egunitá. Clamamos para que atue em nossa vida, quando nos tornamos emocionalmente desequilibrados, irracionais, presos a conceitos que afrontam a Lei e a Justiça Divinas, e ai receberemos sua atuação Cósmica, para nos purificar e renovar. Seu Fator ígneo consome tudo e purifica os excessos justamente para renovar o ser. No Trono elemental puro do Fogo, Egunitá polariza com Xangô.
Formam um par puro do Fogo. Ele é o Pai e Ela á a Mãe desse Mistério. Mas há outras polarizações, que nascem da interação entre os campos da Justiça e da Lei: existe uma estreita ligação entre Justiça e Lei, pois quando se fala em Justiça logo se pensa na Lei que dá base para a atuação da Justiça; e quando se fala em Lei logo se pensa na Justiça que aplica a Lei. Na Linha da Justiça de Umbanda temos o par puro do Fogo nos Orixás Xangô e Egunitá. E na linha da Lei temos o par puro do elemento Ar nos Orixás Ogum e Iansã. Xangô e Ogum são Orixás Universais e tem atuação passiva, isto é, irradiam de forma continua e dão sustentação e amparo a todos os seres que vivem com equilíbrio os Sentidos da Justiça e da Lei, mas não forçam ninguém a isso. Já Egunitá e Iansã são Orixás Cósmicos e atuam basicamente atraindo os seres que se desequilibraram nestes Sentidos da vida, para corrigi-los e recoloca-los num caminho reto; embora também amparem aqueles que os vivem com equilíbrio.
Esses quatro Orixás atuam de forma conjunta, entrelaçada, porque Justiça e Lei são inseparáveis. De modo que também formam pares mistos: a) Xangô com Iansã; e b) Ogum com Egunitá . Iansã atua ao lado de Xangô como aplicadora da Lei nos campos da Justiça; e Egunitá atua ao lado de Ogum como aplicadora da Justiça nos campos da Lei. Portanto, Mãe Egunitá polariza com Xangô (par puro do Fogo e da Justiça) e também com Ogum (par misto Ar e Fogo, na linha da Lei). O ar de Ogum ordena, alimenta e expande o Fogo de Egunitá; e o Fogo Purificador de Egunitá consome e aquece o Ar de Ogum, de modo que se complementam. Egunitá é nossa amada Mãe da Purificação.
Regente Cósmica do Fogo e da Justiça Divina, é o Fogo que purifica os sentimentos, é a consumidora dos vícios e desequilíbrios e das enegias dos seres fanáticos, apaixonados e emocionalmente desequilibrados. Na África, Ela aparece como uma da Qualidades de Iansã; mas é em si uma Divindade de mesmo nível, é Orixá. Sua ação é fulminante. Sua energia é abrasadora e consumidora das concentrações energéticas negativas dos mais variados tipos ( como formas pensamento, miasmas e lavras astrais), sendo temida pelos devedores da Lei e da Justiça. Seu fator é purificador. Em suas falanges de auxiliares incluem-se milhares de guerreiras da Luz portadoras de espadas flamejantes, poderosos instrumentos no combate as trevas da ignorância. Nas linhas auxiliares da Esquerda a Pombagira do Fogo é uma de suas guardiãs trabalhando para as Linhas de Umbanda. Mesmo aqueles que não a conhecem, saibam que Egunitá os conhece e os tem como filhos; e se estiverem passando por dificuldades, diante da maldade gratuita, com certeza esta Mãe pode ajuda-los.
Estudo realizado por: Pai Sérgio
Dúvidas entrem em contato :templocabocloaruana@gmail.com
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